Carta de Despedida
Essa é uma carta de despedida, direcionada ao narcisista, refletindo a dor da despedida após anos de sofrimento e tentativas fracassadas

É um adeus tranquilo, mas carregado de profunda conscientização de que é preciso partir para resgatar a própria identidade e paz.
Querido,
Eu hesitei em escrever essas palavras por muito tempo. O silêncio, por vezes, parecia ser a única forma de continuar. Mas o silêncio, percebi, também aprisiona. Ele acumula o que nunca foi dito, e chega um momento em que se torna insuportável carregar tanto em silêncio.
Hoje, escrevo não para pedir, esperar ou buscar mais explicações. Escrevo porque, depois de tantas tentativas, agora chegou a hora de me despedir.
Foram anos em que tentei me moldar para caber no espaço que havia entre nós. Anos em que busquei ser o que eu acreditava que você queria ou precisava. Acreditei, em muitos momentos, que se eu tentasse o suficiente, tudo poderia ser diferente. Que eu poderia preencher as lacunas que existem entre nós, aliviar o peso que você carregava. Mas, no fundo, eu estava apenas me afastando cada vez mais de mim mesma.
Já não me reconheço como antes. Aos poucos, fui me perdendo nesse labirinto de expectativas e desilusões. Fui me apagando, enquanto você brilhava mais forte. E, por mais que eu tenha lutado para manter nossa relação viva, chegou o momento em que entendi que a convivência com você me custa algo que eu não posso mais oferecer: minha própria essência.
Eu tentei. Tentei de tantas maneiras que já perdi a conta. Busquei conversas, tentativas de aproximação, momentos de silêncio esperando que algo mudasse. E, em alguns instantes, pensei até que havia esperanças. Mas esses momentos passaram rápido, como fumaça, e o que restou foi o cansaço de repetir o mesmo ciclo, sempre voltando ao ponto de partida...só que cada vez mais distante.
Agora entendo que nada do que eu fizesse poderia ser suficiente. Não por falta de amor ou esforço, mas porque, em algum lugar dentro de mim, descobri que estava ficando pelo caminho, tentando curar algo que não me cabe. A cada tentativa, a cada esforço, eu me afastava um pouco mais de mim mesma e, ainda assim, nunca conseguia chegar a você de verdade.
Essa despedida não vem carregada de raiva ou rancor. Não quero carregar comigo o peso de mágoas não resolvidas. O que levo, na verdade é a tristeza por perceber que, para me salvar, eu preciso partir. Preciso sair desse ciclo, dessa dança que nunca chega ao fim, para me reencontrar e ao meu próprio caminho.
Eu deixo você com a esperança de que, em algum momento, você possa também encontrar aquilo que busca. Mas sei, finalmente, que não sou eu quem pode te dar isso. O que você procura não está em mim, nem em ninguém ao seu redor. E eu, depois de tudo, preciso encontrar o que perdi de mim nessa busca por você.
Espero que um dia você entenda, e se não entender, que ao menos respeite a decisão que tomei.
Com a paz que busco reencontrar...
Eu.
COMPANHIA NO DIVÃ - Bia Melara
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