Onde Me Fiz Impressa

Ao jornal que me acolheu, me acompanhou e preservou as versões de mim que fui sendo

  • Compartilhe!
  • Compartilhar no Facebook
  • Compartilhar no Twitter
Onde Me Fiz Impressa

Neste mês de junho, o jornal que me deu espaço, palavra, voz – e casa – completa 48 anos. E eu, que também cresci nele, diante dele e com ele, não poderia deixar essa data passar em branco.

Escrever para o “Jornal do Porto” foi, durante todos esses anos, mais do que produzir textos: foi deixar rastros. Foi imprimir ideias, afetos, inquietações e esperanças num papel que sobrevive – firme e impresso – num tempo em que tudo é efêmero, volátil e descartável. 

Quando comecei, há cerca de 20 anos, eu ainda era mais silencio do que palavra. Eu estava me tornando. O jornal me viu em processo. Me acolheu com generosidade. A cada artigo publicado, algo de mim se revelava. A cada texto, um pedaço do meu sentimento era dividido com o mundo. E assim, linha por linha eu fui crescendo. 

Não só como autora, mas como mulher, como profissional, como gente.

Esse jornal não narra apenas os acontecimentos de uma cidade: ele conta, também, por meio das minhas palavras, a minha própria história...a minha própria essência. Ele guardou minhas versões – minhas certezas e minhas dúvidas, meus sustos e encantamentos, as conversas comigo mesma, as dores que pude nomear e os amores que me atravessaram. 

Hoje, quando olho para esse trajeto, vejo que aquilo que deixei nessas páginas impressas não é só conteúdo: é caminho. É o testemunho da jornada de alguém que escreveu para deixar algo de si – para que minha filha possa me ouvir mesmo quando eu já não estiver mais aqui, mas minha presença puder ser encontrada entre vírgulas e reticências.

Foi nesse espaço que encontrei um jeito de chegar a almas – mesmo aquelas que nunca vi, que talvez jamais se sentem diante de mim em um consultório. Cada palavra publicada é uma tentativa de encontro. O jornal se tornou esse canal silencioso e potente, que me permite oferecer escuta e acolhimento à distância.  Porque escrevo não só para ser lida, mas para ajudar a despertar algo no outro.

Obrigada Jornal do Porto, por ter sido papel e ter sido continente. Por ter acolhido minha escrita e meus pensamentos como quem acolhe alguém que chega com vontade de se dizer. Obrigada por ter sido tempo e permanência. 

E que venham ainda muitos anos – de parceria, de história, de palavras que importam.

Com gratidão

Beatriz Melara

COMPANHIA NO DIVÃ - Bia Melara

Que sensações teve com o artigo?

Selecione as emoções que experimentou com este artigo


Reações dos demais leitores:


Conte-nos mais! Comente no final desta página.

  • Compartilhe!
  • Compartilhar no Facebook
  • Compartilhar no Twitter

Olá, deixe seu comentário para Onde Me Fiz Impressa

Enviando Comentário Fechar :/