Uma Aprendizagem De Desaprender
Entendendo um pouco a Psicanálise e seus processos

A psicologia é uma ciência muito nova... com pouco mais de cem anos de idade (o que para uma ciência é pouquíssimo). Diferente da medicina que é muito antiga, conhecida de todos, e com tantos recursos... e cada vez mais modernos.
Ninguém tem dúvidas sobre o papel dos médicos, sobre quando procurá-los, ou até mesmo sobre as várias especialidades da medicina. Já estamos todos muito acostumados com essa linguagem.
Já quando o assunto é procurar um psicoterapeuta ou psicanalista aparecem todas as dúvidas e “medos”.
As pessoas ainda têm idéias irreais e fantasiosas a respeito deste profissional: alguns nos julgam “mágicos” capazes de resolver milagrosamente, em poucos encontros, problemas que carregamos há muito tempo; outros acreditam erroneamente que atendemos os “loucos”... Pois eu digo o contrário: fazer análise não é para qualquer um, é necessária muita lucidez, inteligência e coragem para pensarmos nossa vida e termos a capacidade de enxergar nossas próprias fraquezas. “Louco” a meu ver é aquele que não esta feliz e não usa os recursos que possui para mudar.
Por este motivo, hoje vou tentar esclarecer os mistérios, explicando um pouco a respeito da psicanálise.
Psicologia significa “o estudo da alma”. A medicina trabalha com toda parte do ser humano que pode ser tocada, vista, que é concreta, enquanto a psicologia trabalha com a parte que não vemos e não podemos pegar: sentimentos, emoções, pensamentos, essência... enfim a alma.
Para trabalhar toda a beleza que esta parte contem, não temos exames ultramodernos que fotografem nosso interior, não temos anestesias, não sabemos ao certo onde dói, nem o que aconteceu, ou quando começou (perguntas que normalmente um médico nos faria). Às vezes a pessoa já nem sabe mais ao certo quem é, ou o que quer...
Aí entra a psicanálise, com seu trabalho investigativo. Temos que começar do zero. É um renascimento...
A psicanálise é uma apaixonante procura e descoberta de seu próprio ser. É um aprofundar-se em si mesmo. Um autoconhecimento. Uma busca de nossa própria essência. Um movimento no qual tiramos todas as tatuagens que a vida nos fez. Tiramos as roupas, os assessórios e deparamos com o mais puro de nosso ser. Aquilo que realmente somos e éramos antes que o mundo e as pessoas (pais, avós, professores, amigos, personagens, etc.) nos pintassem com suas cores e seus desejos.
Álvaro Campos diz que somos “o intervalo entre o nosso desejo e aquilo que os desejos dos outros fizeram de nós”.
E desconfio que Alberto Caeiro fizesse sua psicanálise pessoal, pois teve a sensibilidade de escrever:
“Procuro despir-me do que aprendi.
Procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram.
E raspar a tinta com que me pintaram os sentidos.
Desencaixotar minhas emoções verdadeiras,
Desembrulhar-me e ser eu, não Alberto Caeiro,
Mas um animal humano que a natureza produziu.
Mas isso (triste de nós que trazemos a alma vestida!)
Isso exige um estudo profundo, uma aprendizagem de desaprender...”
COMPANHIA NO DIVÃ - Bia Melara
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