O capital humano na organização
O homem e principalmente a capacidade de liderança tem papel fundamental na saúde da empresa. Portanto, a liderança tem que estar saudável emocionalmente.

As organizações são constituídas por uma complexa combinação de recursos (capital humano, capital intelectual, instalações, equipamentos, etc.) interdependentes e relacionados, que devem perseguir os mesmos objetivos e cujos desempenhos podem afetar, positiva o negativamente, a organização em seu conjunto.
Os pontos de desequilíbrio partem do homem sobrecarregado, doente, desmotivado e insatisfeito com a organização. Já o ser humano laborativo saudável, nas múltiplas dimensões relacionais, seja com o posto de trabalho, com os colegas, com o ambiente, com as chefias, é o trabalhador operativo, produtivo, eficiente para a organização
Retomo agora meu caminho principal, considerando a questão da capacidade de liderança e como se manifesta na prática, que é o que mais me interessa discutir, pois acredito estar aqui o grande centro gravitacional da questão psicológica na Empresa, como o são numa família as atitudes e decisões das figuras patriarcais e/ou matriarcais e numa sociedade as dos altos ocupantes dos cargos públicos.
Enfoco, inicialmente, a capacidade de liderança de modo genérico, considerando-a como a possibilidade de se manter as capacidades administrativas e as cooperativo-produtivas dos liderados com certo grau de racionalidade e rendimento nas mais diversas condições emocionais, próprias do grupo. Suponho que isso fica bem esclarecido por uma citação de W.R.Bion, psicanalista inglês, ouvida de um general – “Não é preciso ter-se muita inteligência para ser general do exército inglês, mas é necessário que se mantenha toda inteligência que se tem sob balas e bombas”.
Nessas condições o grupo de liderança deve ser capaz de se manter o mais racional possível e estimular o mínimo de conflitos, seja em sentido vertical (superiores e subalternos), seja em sentido horizontal (posições de igual nível hierárquico).
Compete ainda ao grupo de liderança “conter”, sem perder tranqüilidade, toda gama destas tensões, exercendo com eficiência seu papel.
Anoto que ao falar em tranqüilidade não estou referindo-me aos diversos recursos “modernos” (químicos ou psicológicos) pelos quais angústias e tensões podem ser contornados ou mesmo regulados – a isso denomino tranqüilização, o que corresponde a cegar-se diante das ocorrências mentais e à derivação da angústia para outros níveis de expressão, com seu correspondente alto custo em termos psicossomáticos. Estou referindo-me à capacidade de conviver com angústias, à capacidade de não se angustiar com a própria angústia, seja qual for o fator gerador.
Qualquer papel ou função a ser desempenhado num grupo, além de carregado dos pressupostos de quem os delegou, está carregado com os pressupostos pessoais de quem vai exercer o papel, bem como com as expectativas do grupo em relação ao exercício dessa função.
Um processo complexo onde o desencontro de pressupostos e expectativas pode ser notável, interferir com os acontecimentos e finalidades do grupo e, o que é pior, passar despercebido como causa, embora seus efeitos sejam evidentes. Ou ainda, ser percebido, mas não aceita a necessidade e possibilidade de seu manejo a nível psicológico e por meios psicológicos.
Quero deixar claro aqui que isto não significa que o grupo tem que ter um psico-afim à tiracolo, que deva ser consultado a cada passo que se de; isso seria um contra-senso. Significa que o grupo deve criar condições psicológicas para que todas essas questões possam alcançar formulação verbal dentro do próprio grupo, e este talvez seja o mais importante papel do grupo de liderança no que se refere à parte “política” de sua ação. O especialista aqui entrará apenas com o papel de ajudar o grupo de liderança a alcançar tal estágio evolutivo.
BIA MELARA/Companhia no Divã
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