Pensando a educação

Respondendo a questionamentos propostos por uma professora com base na psicanálise

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Pensando a educação

Esta semana vou atender a uma professora interessada, que me fez 3 perguntas. Antes porém, gostaria de esclarecer que minha especialidade não é a educação, mas sim a psicanálise, para onde, com certeza, minhas respostas serão direcionadas.


Vamos às questões:    

1. De que modo é possível a interferência do aspecto psicológico sobre a educação?

Segundo meu modo de pensar, o aspecto psicológico tem interferência sobre tudo na vida de qualquer “ser pensante”.

Não há como deixar preocupações, medos, tristezas, raivas, etc, em casa e ir a qualquer lugar levando apenas um corpo. Vai tudo junto!!! Dessa forma, fica difícil estar atento, concentrado, quando a alma e o coração estão em outro lugar. E isto serve também para os professores, e para os pais que são os principais educadores.

Cada indivíduo lida com seus conflitos de determinada forma. Alguns não conseguem fugir destes, ficando assim imobilizados para todo o resto (Ex: “_Esses problemas não saem de minha cabeça. Não consigo fazer mais nada”). Outros mergulham em outras coisas que os façam esquecer momentaneamente de suas dificuldades (Ex: “_Que bom! Enquanto leio este texto não penso em meus problemas”).Outros ainda, usam determinadas atividades como meio de compensação (Ex: “_ Não consigo ser o melhor para meus pais, mas serei o melhor na escola”).

Portanto, alguns podem sobressair-se e outros sentirem-se impotentes e incapazes, de acordo com a capacidade de ego de cada um. Mas é certo: sempre haverá interferência

Emocional, tanto por parte do aluno, quanto por parte do professor e responsáveis.

2. Qual a maior dificuldade que se tem percebido na educação ultimamente?

Para responder a esta pergunta, pensei a educação como se fosse um paciente. Cheguei a conclusão que ela esta muito doente e desestruturada, precisando de muito cuidado, e com “urgência” !!!

Sabemos que nenhum problema se cria do nada. Tudo tem história! Tudo tem caminho.

Também sabemos que um fato isolado não causa tanta complicação. Uma grande dificuldade é a soma de vários pequenos conflitos.

Acredito ser a educação um reflexo do país onde vivemos. Daí a maior dificuldade começa na presidência, nos governos, nas administrações, passa pelos descasos, pela banalização, e muitas vezes termina na fome.

Nessa medida, o problema maior é a carência vivida pela educação atual. É a situação de quase abandono, é a falta de investimentos, é a falta de cuidados e atenção com o que há de mais importante para crescimento dos indivíduos, e conseqüentemente de um país.

E a história continua: os alunos de hoje serão os nossos educadores de amanhã!!!!

Um outro problema atual, mais pontual, é o fato de os pais depositarem os seus filhos e a responsabilidade para com a educação destes, totalmente na escola; e como os governantes fugirem e ignorarem as próprias responsabilidades.

3. Qual a melhor maneira para um professor agir diante de tal questão?

Fazendo como você professora que tem o desejo de saber e conseqüentemente melhorar. Você esta dando à educação um pouco do carinho e atenção. É disso que ela precisa: ser cuidada. Meus parabéns!!!!!

Qualquer solução começa pela vontade e pelo pensamento. Pensemos.

Falar “_Faça isso!”, “_ Faça aquilo!”, é muito fácil para quem esta de fora, o difícil é encarar todas as dificuldades do dia a dia e não perder o entusiasmo.

Quem dera os professores tivessem poderes. E quem dera eu tivesse poderes maiores ainda, para dizer-lhes como agir.

Apenas desejo!

Que com relação a seus alunos, sua classe, sua escola especificamente, o seu amor faça com que tenha o bom senso necessário.

Que sua inteligência faça com que se questione sempre: “Por que é assim?, Poderia ser de outra maneira? Qual? Para que serve isso?”

Que sua atenção faça com que veja cada aluno com suas diferentes potencialidades e necessidades, podendo trabalhar e incentivar a curiosidade de cada um. E que essas “coceiras nas idéias” nunca morram, para que nem eles e nem você se tornem deformados.

Que essa sua própria curiosidade faça com que queira conhecer a história de cada aluno, e que isso a deixe fascinada, tornando-se assim parceira e entusiasta.

Que seja sedutora para envolvê-los em seu saber.

Que seja sensível para que seus ensinamentos sejam musicas e poemas de amor, jamais esquecidos.

E que você possa assim cumprir o maior objetivo da educação: auxiliar seus alunos a encontrar meios para serem felizes !!!!!

BIA MELARA/Companhia No Divã

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