Carta à Impermanência
Uma reflexão sobre como tudo na vida está em constante transformação – os momentos, as pessoas, os sentimentos e até as certezas.

Impermanência,
Há tempos você caminha ao meu lado, muitas vezes sem que eu perceba, outras tantas me cutucando a alma com o dedo da urgência.
Você é aquela convidada inesperada, que chega sem aviso, bagunça a casa e troca os móveis de lugar. É também a brisa sutil que, em dias calmos, sussurra ao meu ouvido que nada ficará como está, nem mesmo eu.
Quantas vezes resisti à sua presença!!!! Eu, teimosa, quis fincar raízes em terras movediças... abraçar o eterno no que, por essência, era fugaz. Mas você me ensinou que há beleza na dança dos ciclos, que o novo só encontra espaço quando o velho se despede.
Você me desafiou a aceitar perdas que pareciam insuportáveis, a deixar partir o que eu mais amava, a me despir das certezas e abraçar o vazio. E, no entanto, foi nesse vazio que descobri a força do recomeço.
Impermanência, você é a moldura do tempo, o fluxo contínuo que me mantém viva e aprendendo. Com você, aprendi que a dor passa, assim como a alegria, e que cada instante, efêmero como é, guarda em si o milagre da existência.
Hoje, escrevo esta carta não para te resistir, mas para te acolher. Porque em cada despedida que você traz, esconde-se a promessa de um novo encontro. Em cada fim que você anuncia, há um começo se desenhando.
Então, venha, Impermanência. Sente-se aqui comigo. Ensine-me, mais uma vez, a flutuar com o tempo.
Com respeito e entrega,
Eu.
COMPANHIA NO DIVÃ - Bia Melara
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