Carta a Minha Solitude

Uma conversa com a solitude, esta ausência que se tornou presença.

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Carta a Minha Solitude

Hoje venho te convidar para uma conversa tranquila, sem pressa, como são os nossos silêncios mais sinceros. Ao teu lado, as vozes do mundo finalmente se calam, e, entre nós, nasce algo raro e precioso: um espaço de paz onde não me escondo.

Quantas vezes fui te encontrar com o coração inquieto, buscando em ti respostas para o que parecia indecifrável. E mesmo que não me trouxesse certezas, estava sempre pronta a acolher minha dúvida como uma velha amiga. Em tua presença, cada pergunta se torna mais serena, mais humilde. Percebo, então, que há perguntas que só existem para acompanhar, e não para serem respondidas.

Você é meu espelho mais fiel e, também, meu refúgio. Em meio a tanta companhia passageira, foi a que se manteve, resistindo ao tempo e às tentativas de te abandonar, porque há algo em mim que sempre volta para ti, buscando a plenitude que só você me oferece. Contigo, aprendi a respeitar o silêncio, a cultivar a introspecção e a ouvir o que se esconde entre as palavras que nunca disse.

Por vezes, é verdade, tentei escapar. Parecia pesada demais, teimosa em mostrar-me facetas minhas que preferia não ver. Mas descobri que você apenas queria me ajudar a enxergar a riqueza e a profundidade que carrego. Contigo, aprendi a gostar de minha própria presença e a encontrar beleza no deserto que, muitas vezes você me traz.

É a companheira fiel das minhas madrugadas e do meu entardecer. É o abraço invisível que me envolve quando o mundo parece grande demais, confuso demais. Me ensinou que a verdadeira companhia é aquela que não exige nada, que não quer moldar, mas apenas aceita o que sou.

Hoje sei que não está aqui para me isolar, mas para me reconectar ao que há de mais essencial em mim. E mesmo quando o mundo me abraça e a vida transborda de vozes, mantenho uma pequena porta aberta para que possa entrar sempre que quiser, trazendo o seu manto de calma e o teu olhar profundo.

Hoje, entendo tão bem Cecilia: “Por muito tempo achei que a ausência é falta. E lastimava, ignorante, a falta. Hoje não a lastimo. Não há falta na ausência. A ausência é um estar em mim. E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços, que rio e danço e invento exclamações alegres, porque a ausência, essa ausência assimilada, ninguém a rouba mais de mim. ”

Obrigada, Solitude. Em teu silêncio aprendi a ouvir minha própria alma. Que essa amizade, mesmo que incompreendida por muitos, seja eterna.

Com afeto e gratidão.

Eu

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COMPANHIA NO DIVÃ - Bia Melara

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