Minhas Queridas Saudades

Uma viagem interna, tocando nas memórias, nos sentimentos e até nas ausências que moldaram minha jornada.

  • Compartilhe!
  • Compartilhar no Facebook
  • Compartilhar no Twitter
Minhas Queridas Saudades

Hoje decidi me sentar com vocês, como quem encontra uma amiga antiga, e permito que se instale para uma conversa que tanto temo quanto anseio.

Você vem de mansinho, sem alarde, e se acomoda onde só você sabe chegar. Como a onda que vem e recua, seu movimento me esculpe, deixando à mostra partes que eu já não sabia que existiam. Me leva a revisitar fragmentos de uma vida que não existe mais, mas que, paradoxalmente, continua a pulsar.

Em algum lugar entre o que fui e o que sou, vocês sempre estiveram. São como sombras que, de tempos em tempos, caminham comigo e trazem ao meu olhar a profundidade de quem já viveu algo que jamais volta a ser como foi.

Saudades, há uma dor sutil que carrego com vocês, uma dor para a qual não busca cura. São lembranças que amo, e que não quero que morram. Me cercam com as marcas do que um dia foi tão presente e hoje repousa como memória. Vocês me devolvem os sorrisos, os cheiros, os olhares de um passado que às vezes parece ontem, mas que sei estar tão distante.

No espelho das minhas saudades, revejo cada rosto, cada som e cada pedaço de silêncio, e percebo que minha identidade foi moldada não só pelo que possuo, mas, principalmente, pelo que se desfez entre meus dedos.

Vocês não são só dor, também são a paz na aceitação do irrecuperável. Na sua presença, encontro algo de medicinal, que me lembra do valor das histórias que carrego. Me mostram o que já perdi e o que ainda me faz ser quem eu sou. 

Aprendi que vocês não surgem para trazer de volta o que passou, mas para me lembrar do que guardo. E, ao mesmo tempo que são um pedaço de ausência, são também um lembrete silencioso de que, enquanto há lembranças, há algo vivo em mim que vale a pena ser sentido e guardado.

Cada uma de vocês traz uma história, uma lição, uma cicatriz ou um sorriso. E aprendo, com vocês, a respeitar essa falta, a acolher o que não volta. Não são apenas ausência, mas essência – o que ficou de cada encontro e de cada despedida. São o perfume do que passou, que de vez em quando se espalha pela minha pele e me faz recordar com carinho o que um dia me fez completo.

Vocês são a lembrança viva de que a beleza na falta, e cada uma de vocês me mostra que estou completo, exatamente por aquilo que guardo.

Assim, saudades, que continuem existindo. Que me visitem quando preciso olhar para trás, quando preciso lembrar de minhas origens, mas que saibam quando é hora de me deixar seguir, porque sei que sempre estarão ali, como uma parte tranquila e firme de minha história.

De quem vive entre o que foi e o que é, com todas as saudades que habitam em mim...

Eu.

 

COMPANHIA NO DIVÃ - Bia Melara

Que sensações teve com o artigo?

Selecione as emoções que experimentou com este artigo


Reações dos demais leitores:


Conte-nos mais! Comente no final desta página.

  • Compartilhe!
  • Compartilhar no Facebook
  • Compartilhar no Twitter

Olá, deixe seu comentário para Minhas Queridas Saudades

Enviando Comentário Fechar :/