Querido espirito natalino,

Há algo em você que sempre chega antes, na brisa morna de dezembro, no brilho das luzes que dançam nas noites mais longas. É um sussurro nos corações distraídos, um convite delicado à esperança que nunca se apaga por completo.

Nos ensina que não há tempo perdido para recomeçar, que as rachaduras da alma podem se preencher com ternura e que mesmo o menor gesto – um abraço, um olhar ou uma palavra sincera – carrega o peso de um milagre.

Vem vestido de infância, com tons vermelhos e dourados, com o cheiro de delícias saindo do forno, euforia da espera, a lembrança de mãos entrelaçadas ao redor da mesa, o riso que ecoa em meio a histórias que nunca cansamos de contar. Traz contigo a memória do que nos é essencial: os afetos, a gratidão, o calor que nenhuma ventania é capaz de apagar.

Mas também chega para confrontar. Para nos fazer olhar além da superfície, além dos embrulhos, e nos perguntar: a quem podemos oferecer o presente de nossa presença? Quem espera por um pedido de desculpas, uma reconciliação ou apenas o silêncio que acolhe?

Você, que representa o que de mais humano há em nós, não chega sem propósito. É o chamado à generosidade que transforma, a fé que reconstrói, ao amor que abraça até os mais esquecidos. É o lembrete de que, mesmo em tempos difíceis, o mundo ainda pulsa com a possibilidade de beleza.

Que neste Natal, o espírito que é possa encontrar morada em cada gesto, cada sorriso e cada intenção. Que nos guie não apenas por um dia, mas ao longo de todo o caminho, porque o verdadeiro milagre está em viver todos os dias como se fosse Natal.

Com carinho, 

Alguém que nunca deixou de acreditar,

Eu.