Carta ao Amor que Inicia Minha História

Porque antes de mim, já havia amor. 59 anos de uma história que também é minha.

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Carta ao Amor que Inicia Minha História

Antes de mim, já havia um amor.

Antes de meu nome, já havia um “nós”.

Antes de qualquer possibilidade de futuro, dois corações disseram um “sim” – um ao outro, à vida, ao mistério de construir algo juntos.

Hoje, ao celebrar os 59 anos de união de vocês, meus pais, me curvo diante dessa história que me antecede e me funda. Não sou só filha de vocês. Sou filha de um encontro, de um pacto, de uma escolha renovada em meio a tantas tempestades e bonanças. Sou filha de uma história que resistiu ao tempo, às provações, às mudanças inevitáveis, e que, apesar de tudo, permaneceu. Cresci com essa mesma raiz. E talvez por isso, mesmo nos meus próprios dias de vento forte, de vulnerabilidade ou desorientação, eu também tenha conseguido permanecer. Também aprendi a voltar. A resistir. A reencontrar o meu eixo, o meu chão, o bom caminho.

Talvez eu nem saiba de todos os detalhes – e nem preciso. Porque o essencial eu sinto. O essencial mora nos gestos silenciosos, nos olhares de cumplicidade, na partilha dos dias, nas pequenas rotinas que só quem já caminhou muito junto conhece. Amor longo não é feito só de poesia, é feito de persistência, de coragem, de renuncias sutis, de batalhas que nem sempre se vencem, mas que se atravessam juntos.

Vocês me ensinaram que o amor verdadeiro não é o que nunca falha, mas o que permanece mesmo depois das falhas. Me ensinaram que amor não é se encaixar perfeitamente, mas se ajustar com respeito, com paciência e, sobretudo, com a decisão firme de continuar. Tendo vivido esse exemplo de um amor que constrói e cuida, aprendi também a não me conformar com menos. É por isso que não posso permanecer onde há desrespeito, porque sei que o amor é parceria, é dialogo, é abrigo – e não ferida.

Nesse mundo onde tudo parece tão descartável, onde os laços se desfazem com a mesma facilidade com que se formam, ver vocês dois juntos – quase seis décadas depois – é como olhar para uma raiz antiga e vigorosa, que mesmo tendo enfrentado muitas secas, ainda alimenta, ainda sustenta, ainda floresce. E eu sou fruto dessa mesma raiz. Me vida começou quando vocês decidiram não apenas se amar, mas permanecer juntos. Quando disseram “sim”, vocês não sabiam que estavam, ali, iniciando também a minha história.

Sou grata não apenas por terem me dado a vida, mas por terem me dado um exemplo. Por me ensinarem que é possível construir uma história com profundidade, com memória, com consistência. Por me ensinarem, sem discursos, que o amor é também construção – lenta, artesanal, feita a muitas mãos e em muitos tempos.

Vocês são a origem do meu mundo. E hoje, tudo o que posso dizer é: obrigada por terem se encontrado, por terem se amado, por terem ficado, por terem se escolhido tantas vezes. Obrigada por terem sido raiz, casa, chão. Obrigada por me permitirem nascer de um amor que atravessou o tempo.

Que esse amor siga firme, mesmo que cansado em alguns dias. Que continuem sendo abrigo um no outro, como sempre foi. E que vocês saibam: o amor de vocês é a história mais bonita da qual eu sou parte.

Com amor profundo,

Beatriz Melara

 

COMPANHIA NO DIVÃ - Bia Melara

 

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