Carta ao Meu Lado Poeta

Sobre o que escrevo e a necessidade de trazer meus sentimentos para o papel.

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Carta ao Meu Lado Poeta

Pequeno poeta que me habita,

Hoje quero conversar contigo. Quero te reconhecer, porque às vezes, no silêncio do papel ou na fluidez das palavras, esqueço de te olhar como alguém que vive em mim. É a você que me dirijo agora, a parte de mim que sabe das ausências, que sente a falta antes mesmo de entender o que falta. Você é como um pote vazio, sempre a espera, sempre ansiando pela água que nunca vem por inteiro.

É mais do que o movimento das mãos ou as ideias que tomam forma. É meu interprete, o elo entre o que sinto e o que ainda não sei nomear. É quem reorganiza o caos de minhas emoções, faz perguntas às minhas certezas e traz beleza ao que parece comum. É também quem me desafia, quem não aceita a superfície, quem exige mergulhos profundos em mim mesma.

Você surge nos momentos em que o mundo pesa e as palavras se tornam abrigo. Mas também te encontro nas horas leves, onde escrevo para eternizar o riso ou capturar o instante.

Quantas vezes escreveu o que não soube dizer? Quantas cartas silenciosas vieram para curar minhas feridas ou desatar nós que minha mente insistia em apertar? De onde vem essa ânsia por traduzir o indivisível? Essa coragem de tocar no que dói, no que encanta, no que transforma?

Escrevo porque tenho sede, porque o que me sobra é a ânsia e o que me falta é a saciedade. As palavras que brotam são mais do que linhas, são tentativas de preencher o espaço que ecoa dentro de mim. Você é quem traduz o que dói, o que pulsa e o que se esconde. 

Te observo, lado poeta, e vejo como flutua entre o que vivo e o que sonho, entre o que tenho e o que nunca poderei segurar em minhas mãos. É ponte e também é abismo. É quem me salva, mas também quem me desafia a olhar o vazio sem medo.

É sede e água, ausência e plenitude. É a resposta que nunca chega e me leva a escrever. Porque no fundo, a poesia não é ter, e sim buscar. Não é encontrar, mas sim procurar.

Por isso, celebro sua existência. Sem você minha sede seria silêncio, e meu vazio não teria ecos. Com sua ajuda faço de minhas palavras uma forma de existir, de me tocar e tocar o mundo...de me perpetuar. Não me importa se outros leem ou não; o que importa é que você é a conexão que me devolve a mim mesma.

Obrigada, meu lado que escreve, por seres minha ponte, minha fonte, minha pergunta e minha busca.

Com sede e gratidão,

Eu.

 

COMPANHIA NO DIVÃ - Bia Melara

 

 

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